
Por que fazer trilhas?
Atualizado: 5 de jul. de 2020
Desde que o homem passou a andar sobre duas pernas, ele se pôs a caminhar, a trilhar novos percursos e caminhos antes inimagináveis. O caminhar é algo nato do ser humano, o que lhe permite ver o mundo sob a sua perspectiva e sob um novo olhar, um novo ângulo.
Mesmo com o surgimento da roda e todas as suas evoluções nos meios de transportes, o homem nunca deixou de caminhar.
Andar é algo que compreende a rotina humana e que se não o fazemos, o nosso corpo sente falta, pede e exige o nosso andar.
Assim, fazer trilhas nada mais é do que o andar, o caminhar, o percorrer novos caminhos. É executar o verbo transitivo trilhar, que, consoante o dicionário¹, corresponde a:
1. separar os grãos de cereais com o trilho. = DEBULHAR;
2. esmagar, moer, triturar;
3. bater, pisar;
4. dividir em pequenas parcelas;
5. magoar, contundir, geralmente por entaladela (ex.: trilhei o dedo na porta e fiquei com a unha negra). = ENTALAR;
6. pisar com os pés. = CALCAR;
7. percorrer;
8. marcar com trilho;
9. percorrer, deixando pegada, .rastro, vestígio;
10. [figurado] Seguir (o caminho, a norma);
11. sulcar.
Desse modo, trilhar nos permite percorrer novos destinos, deixando nossos rastros e pegadas, e levando conosco as experiências e vivências do caminho.
Fazer trilhas nos permite aguçar e testar os nossos cinco sentidos. Nas trilhas, podemos respirar ares nunca dantes aspirados, sentir o cheiro de terra molhada, de mato, de bicho, de água, de mar e o melhor: o perfume das flores e frutos do caminho. Podemos sentir o calor do sol, o toque sedoso e áspero das folhas, dos matos, dos galhos, dos troncos das árvores, a dor dos espinhos, o carinho do vento e da brisa no rosto e nos cabelos e, por que não, o tropicar nas pedras do caminho.
Nas trilhas, ouvimos os mais diversos e desconhecidos sons, desde os familiares barulhos das folhas secas pisadas do caminho, até o som das águas dos rios e cachoeiras, além dos mais variados cantos das aves, do sibilar dos insetos e do grasnar dos animais.
E o que dizer do paladar aguçado pela água fresca e cristalina dos rios, das fontes minerais do caminho e da suculência das frutas colhidas diretamente no pé?
E, por fim, a visão. Os olhos - que são as janelas da alma - se regozijam pelas belezas do caminho. São tantas cores, tons, nuances, formas, maravilhas da natureza criadas pelo tempo, pelo vento, pelas águas e por Deus que transcendem nossos olhos e marcam nossa alma para sempre com toda a experiência vivida na trilha.
Fazer trilhas é marcar para sempre a alma com as impressões do caminho.
1. https://dicionario.priberam.org/trilha
